Alunos da oficina de teatro do Centro de Juventude foram os personagens principais da mostra, ensaiada e transmitida ao vivo
Foto: Flávio Botelho.
Foto: Flávio Botelho.
No lugar do palco, a própria casa. No lugar da plateia, uma câmera. Como adequar os espaços físicos cotidianos em espaços cênicos? A resposta a este questionamento veio de maneira virtual: com a ajuda de uma ferramenta de teleconferência, os alunos da oficina de teatro do Centro de Juventude de Ceilândia realizaram, nesta sexta (11), a 1ª Mostra Interna de Monólogos (MIM), apresentando-se diretamente de casa.
A pandemia do novo coronavírus suspendeu as atividades presenciais nesses espaços, mas não interrompeu as aulas, que passaram a ser ministradas virtualmente. O resultado de todo o esforço veio por meio da MIM. Foram 17 monólogos, com temas escolhidos pelos próprios jovens participantes da oficina, entre textos clássicos e contemporâneos, e trabalhados junto com o professor nas aulas.
Um dos espectadores da MIM foi o secretário de Juventude, Kedson Rocha, que elogiou a iniciativa e a qualidade das apresentações. “Estou muito orgulhoso, porque comprova que os Centros da Juventude são uma política pública que funciona muito bem. Dentro de uma pandemia, poder assistir a uma mostra com essa qualidade, com belas interpretações, vendo que os atores se esforçaram e montaram o próprio cenário, fizeram a própria maquiagem, é algo muito legal”, relata.
Professor de teatro do Centro da Juventude de Ceilândia há dois anos, Adilson Diaz relata que, apesar de facilitadora, a internet também foi um desafio, principalmente nos ensaios. Apesar disso, ele não esconde o orgulho dos alunos e do resultado de dois meses de muito esforço, além de ressaltar a importância do trabalho que é feito nas unidades. “Todos os cursos querem potencializar esses jovens e restabelecer uma identidade. Alguns chegam desacreditados, desmotivados, e os Centros da Juventude impõem esse resgate”, afirma.
Luender Silva, aluno da oficina de teatro desde janeiro, relata que gosta bastante de teatro e quer continuar no projeto. Ele tem 24 anos, estuda Psicologia e mora em Ceilândia Norte, próximo à unidade do Centro da Juventude.
Ele reconhece que as aulas foram muito importantes: “Me ajudou na saúde mental durante a pandemia ter os contatos semanais e o apoio do professor e dos outros colegas. Fora isso, muita criatividade para ajudar na questão da expressividade e nas relações interpessoais”.
Todos os cursos oferecidos nos Centros da Juventude são gratuitos e rendem certificação aos alunos participantes. Para se inscrever em algum dos projetos, os interessados e interessadas devem acessar o site do Iecap, agência de transformação social que gerencia as unidades. As vagas são divulgadas também pelas redes sociais do Iecap e da Secretaria da Juventude.
Planos para expansão
Atualmente, o DF possui três Centros da Juventude, localizados em Ceilândia, Samambaia e Estrutural. “São três regiões administrativas onde temos uma grande margem do ‘nem-nem’, jovens que nem estudam nem trabalham. Então, a presença dos Centros nestes locais é fundamental”, explica o secretário. “Estamos muito felizes porque não é só a questão do teatro, é abordado também trabalho, empreendedorismo, ofertamos cursos de culinária, artes marciais”.
O feedback dos trabalhos é tão positivo que a Secretaria da Juventude já planeja expandir os Centros da Juventude. “A proposta é, para o ano que vem, abrir mais quatro unidades em outras regiões administrativas. O governador gosta muito desses equipamentos, então queremos ampliar”, conta Kedson.